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Projeto “Tecendo Laços” leva pesquisadoras da UFG para África em missão de qualificação de enfermeiros na atenção primária”

Em 05/06/25 07:13. Atualizada em 05/06/25 08:12.

Projeto "Tecendo Laços" leva professoras da UFG a Cabo Verde e Moçambique para qualificar enfermeiros na atenção primária, promovendo cooperação internacional e troca de saberes em saúde.

Em um cenário global cada vez mais interconectado, os desafios da saúde transcendem fronteiras, exigindo uma abordagem conjunta e diálogo entre diferentes realidades. Foi com essa visão que surgiu o projeto “Tecendo Laços”, uma iniciativa inovadora liderada pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG). Este projeto reúne instituições de ensino superior da América Latina, Portugal e África, com o objetivo de qualificar enfermeiros para a atenção primária à saúde. Esta rede colaborativa também recebe apoio da Secretária Geral Iboamericana e os Camões. 

A iniciativa surgiu após o sucesso de uma disciplina internacional promovida por programas de pós-graduação da UFG e da América Latina, liderado pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem e Saúde da UFG. O que inicialmente parecia ser uma ação isolada, transformou-se em uma rede de colaboração internacional. A professora Natália Aredes, vice-diretora da Faculdade de Enfermagem da UFG, descreveu o projeto como “uma teia viva que conecta pessoas, histórias e saberes”. A iniciativa não somente integra docentes e discentes de várias nacionalidades, mas também identifica desafios comuns e fomenta soluções colaborativas na área da saúde. 

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Assim, o projeto não tem a pretensão de ensinar, mas sim de compartilhar, ouvir e aprender em conjunto. Enfermeiros de distintos contextos culturais, sociais e econômicos se reúnem para debater estratégias de fortalecimento da atenção primária à saúde, adaptadas às realidades locais: “gente parte da vivência de cada profissional, das necessidades reais de quem está lá na ponta”, explica a professora Maria Márcia, uma das coordenadoras do projeto.

A transição do projeto “Tecendo Laços” de uma ideia inovadora para uma ação concreta se materializou quando cinco professoras da Faculdade de Enfermagem da UFG viajaram para Cabo Verde e Moçambique como parte do projeto, entre os dias 3 e 11 de maio de 2025. Durante a missão, as equipes realizaram visitas de campo, entrevistaram enfermeiros e dialogaram com lideranças locais, participando do cotidiano dos serviços de saúde dos dois países.

As professoras Maria Márcia Bachion e Roxana Isabel Cardozo Gonzales estiveram em Maputo, Moçambique, enquanto Cynthia Assis de Barros Nunes visitou Nampula, também em Moçambique. Suelen Gomes Malaquias e Natália del Angelo Aredes foram para Praia, Cabo Verde.

Professoras Roxana e Maria Márcia em Maputo, Moçambique
Professoras Roxana e Maria Márcia em Maputo, Moçambique

 

Em entrevista realizada na Secretaria de Relações Internacionais (SRI) da UFG no dia 28 de maio de 2024, as pesquisadoras relataram suas experiências durante a missão.

A professora Suelen Malaquias destacou o engajamento dos enfermeiros cabo-verdianos. “Eles queriam mostrar, conversar, pensar soluções juntos. Foi muito potente”, disse. Ela observou como o cuidado com feridas é adaptado à realidade e aos recursos disponíveis no país. Em Moçambique, a professora Maria Márcia Bachion enfatizou as diferenças entre os países visitados. “Moçambique não é igual a Cabo Verde, assim como o Brasil não é igual a Portugal. São culturas, histórias e práticas de cuidado muito distintas”, afirmou.

Praia - Cabo Verde
Professoras Natália e Suelen em Praia, Cabo Verde

 

As professoras destacaram práticas eficazes observadas, como o uso de mosquiteiros em todas as camas para prevenção da malária, e o uso de música, dança e línguas locais nas ações de saúde. “Cada cenário de intervenção possui particularidades epidemiológicas e estruturais. Por isso, as estratégias pedagógicas são adaptadas à realidade local, sempre com base em metodologias ativas e processos dialógicos”, detalha Roxana. Percepções semelhantes foram apreciadas pela professora Cynthia, responsável pelo curso em Nampula, Moçambique.

Nampula - Moçambique
Professora Cynthia em Nampula, Moçambique

 

Apesar das dificuldades enfrentadas com conectividade à internet, familiaridade com ferramentas digitais e limitações estruturais, elas afirmaram que essas barreiras revelam a capacidade e criatividade dos profissionais locais. “Limitação não está na capacidade de quem trabalha lá. Muito pelo contrário. Eles nos ensinaram muito sobre formas alternativas de se comunicar e cuidar”, relatou a pesquisadora Maria Márcia.

A experiência demonstrou o valor da troca de saberes entre profissionais de diferentes realidades. Para a professora Roxana Cardozo, coordenadora geral do projeto, o Brasil tem muito a oferecer com a experiência do Sistema Único de Saúde (SUS), que serve de inspiração para outras nações. Contudo, ela ressalta que o essencial é a cooperação internacional: “não se trata de levar conhecimento, mas de somar saberes”, disse durante a entrevista.

A delegada de saúde de Praia sintetizou o sentimento geral sobre a iniciativa ao definir o projeto como “uma manta que vai nos aquecer por muito tempo”, frase que representa o impacto duradouro esperado da cooperação entre os países envolvidos no “Tecendo Laços”.

 

 

 

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