
Secretária de Relações Internacionais da UFG participa de missão nos EUA
Objetivo foi a verificação das práticas de regulamentação e infraestrutura de combustíveis sustentáveis de aviação
No início de junho, a Secretária de Relações Internacionais da UFG, Laís Thomaz, participou de uma missão nos EUA sobre o uso de combustíveis sustentáveis para aviação, também conhecidos como SAF (Sustainable Aviation Fuel). A missão foi financiada por um Termo de Descentralização (TED) da Secretaria da Aviação Civil (SAC) do Ministério de Portos e Aeroportos (MPA) sob a coordenação da Universidade de Juiz de Fora.
O propósito da missão era verificar as boas práticas sobre a regulamentação e infraestrutura de distribuição de SAF nos EUA. O SAF se trata de um combustível drop-in, ou seja, possui as mesmas características dos combustíveis fósseis, mas vem de fontes alternativas sustentáveis e é totalmente compatível com a infraestrutura já existente. Atualmente, existem 7 rotas tecnológicas de produção de SAF homologadas pela ASTM International.
O primeiro local visitado foi a Embaixada do Brasil em Washington D.C., para apresentação da Agenda da Missão nos EUA, no dia 2 de junho. A visita teve a presença do Ministro-Conselheiro para Assuntos Econômicos Rodrigo Godinho, e do Diplomata João Marcelo Conte, responsável pela pasta de energia. Na reunião, também foram realizadas discussões sobre a potencialidade do Brasil na produção de SAF e a construção de políticas públicas.
Fonte: Acervo Pessoal/Laís Thomaz
Em seguida, a comitiva esteve no U.S. Department of Energy, em Washington D.C., onde realizaram uma reunião com Elenar Berger, Zia Haq e Elizabeth Burrows. Durante a reunião, foi apresentada a construção de políticas de incentivo – como o Grand Challenge – aos combustíveis renováveis, principalmente para os SAF. Neste mesmo dia, foi feita uma reunião com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para entender as perspectivas regionais da Divisão de Transportes sobre o tema.
No dia 5 de junho, a comitiva realizou uma reunião com a Federal Aviation Administration (FAA) em Washington D.C., uma agência do Department of Transportation dos Estados Unidos responsável por definir e verificar a aplicação da regulamentação voltada para fabricação, operação e manutenção de aeronaves.
Fonte: Acervo Pessoal/Laís Thomaz
A comitiva seguiu para São Francisco no dia 7 de junho tendo uma visita técnica a Marathon Refinery, uma refinaria que foi modificada para deixar de processar o petróleo bruto e se voltar para o processamento de matérias-primas renováveis e também foi recebida no Aeroporto SFO por Erin Cooke (Sustainability Director SAF), com o objetivo de levantar a experiência com a utilização de SAF.
Além desses locais, ainda foi feita uma visita ao terminal da Signature, uma empresa de aviação comercial que abastece suas aeronaves com 30% de combustíveis sustentáveis.
Fonte: Acervo Pessoal/Laís Thomaz
Desde 2009, a profª. Laís Thomaz tem estudado política energética, focando no etanol, nos EUA. Em 2021, Laís liderou o estudo sobre governanças e políticas públicas de SAF em países selecionados do Projeto Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos (ProQR) em cooperação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação com a Agência de Cooperação da Alemanha GIZ. O ProQR tem como objetivo criar um modelo de referência internacional para combustíveis alternativos sem impactos ambientais, para transporte aéreo e setores sem potencial de eletromobilidade.
Além de Laís, a profª. Amanda Gondim (UFRN), coordenadora da RBQAV, o prof. Adilson David (UFJF) e Fabricio Campos (UFJF). coordenador da pesquisa, também fizeram parte da comitiva.
Potencial brasileiro de SAF
O Brasil tem grandes chances de se tornar líder na produção desse combustível e, no momento, estão sendo discutidas regulamentações sobre a distribuição de SAF no Brasil. Em 2021, foi instituído o Comitê Técnico - Combustível do Futuro (CT-CF), constituído por quinze instituições de governo com vistas a desenvolver o Programa Combustível do Futuro, conforme o site oficial do Ministério de Minas e Energia (MME). Dentro do Programa Combustível do Futuro, foi criado um subcomitê, chamado Pró-BioQAV (Bioquerosene Alternativo), onde foram realizadas diversas audiências públicas para debater a regulamentação de SAF em território brasileiro, visando estimular a produção desse combustível no país.