
Aluna californiana defende a sua tese de mestrado na última semana
Shannon, mestranda da Faculdade de Engenharia de Alimentos, disserta sobre a insegurança alimentar entre crianças de escolas públicas
Na última terça-feira do mês de maio (27), a mestranda Shannon Perrone defendeu a sua tese de mestrado na banca do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA-UFG) em reunião on-line. Com a orientação da professora Tatianne Ferreira, desenvolveram a pesquisa “Elementary school students from various socioeconomic backgrounds and their experience with food insecurity in Brazil” (tradução para “estudantes do ensino fundamental de diferentes origens socioeconômicas e suas experiências com a insegurança alimentar no Brasil”).
Na tese, Shannon analisou duas escolas públicas de Aparecida de Goiânia, estudando a relação entre a situação socioeconômica dos alunos/crianças com a problemática da insegurança alimentar. Observou, também, a atuação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nos locais de estudo, que objetiva contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo. “Os dados que a gente tem sobre insegurança alimentar nos países vem dos relatos dos pais. Não temos dados oficiais — inclusive no Brasil —- sobre insegurança alimentar infantil desde a perspectiva da criança”, comenta a mestranda.
A pesquisa teve inspiração a partir do projeto Feeding San Diego, ONG que a mãe de Shannon comanda em sua cidade natal, trabalhando, também, contra a insegurança alimentar. “Ver o que ela está fazendo pela nossa comunidade aqui nos Estados Unidos me me inspirou a fazer o projeto que a gente acabou de defender no Brasil, onde eu estava morando”, Perrone diz.
A metodologia utilizada para a coleta de dados foi através da criação de questionários infantis sobre alimentação, a partir de um já existente, denominado Food Insecurity Experience Scale (FIES), abordando o total de 173 crianças e 29 pais nas duas escolas, a fim de analisar as lacunas deixadas pela insegurança alimentar em diferentes famílias. Shannon teve a devolutiva dos questionários após nove meses respondidos, mas afirma que todos que estavam presentes no projeto realizaram um bom trabalho no desenvolvimento da tese.
Quanto ao processo de internacionalização da aluna no Brasil, Shannon relata que seu maior desafio foi deixar os seus costumes e experiências para trás para que pudesse abraçar a cultura brasileira de forma completa, mas que se apaixonou pelo país e foi o acolhimento da comunidade que fez ela morar em Goiânia por 3 anos. A estudante chegou ao Brasil através do projeto English Teaching Assistance (ETA), em 2022, fazendo parte do Programa Fulbright. “Todo mundo me acolheu de um jeito que eu nunca vivi na minha vida. Todos queriam me conhecer, conversar comigo e isso foi uma coisa tão linda e única que vi sobre a cultura brasileira”, a mestranda expressa.
Shannon ressalta a importância dos estudos na área da insegurança alimentar e defende a manutenção de projetos sociais e públicos que visam combater tal problema. “O PNAE precisa ser protegido e mantido. Ele alimenta 40 milhões de estudantes no Brasil no dia e a gente não tem isso nos Estados Unidos. O fato de que o Brasil continua investindo nesse programa é realmente incrível e esse cuidado com a comunidade me impactou muito”, finaliza a aluna.