
Pesquisadores do Instituto de Química e da Escola de Agronomia da UFG visitam Wuppertal e Berlim em missão científica internacional
Missão científica na Alemanha fortalece cooperação internacional para uso sustentável da biodiversidade do Cerrado.
Entre os dias 27 de junho e 5 de julho, pesquisadores do Instituto de Química e da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), juntamente com representantes da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e do grupo comunitário Guerreiras de Canudos, participaram de uma missão científica internacional na Alemanha. As atividades ocorreram nas universidades parceiras Freie Universität Berlin (FUB) e Bergische Universität Wuppertal (BUW), com o objetivo de fortalecer a cooperação acadêmica e tecnológica voltada ao uso sustentável da biodiversidade do Cerrado.
A missão integra um projeto de pesquisa bilateral que busca valorizar plantas medicinais e aromáticas nativas do Cerrado para a produção de matérias-primas voltadas à indústria cosmética. A proposta combina inovação tecnológica, saberes tradicionais e responsabilidade socioambiental para impulsionar o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis no Brasil, com impacto direto em comunidades rurais como as Guerreiras de Canudos, situadas no estado de Goiás. A comitiva brasileira foi composta pela coordenadora do projeto, Profa. Dra. Vanessa Gisele Pasqualotto Severino (Instituto de Química/UFG), pelo Prof. Dr. Wilson Mozena Leandro (Escola de Agronomia/UFG) e pela doutoranda Leniany Patrícia Moreira (EA/UFG), que representou o grupo Guerreiras de Canudos.
O projeto também conta com a parceria da empresa goiana LiveAloe, pioneira na produção de biocosméticos elaborados com plantas medicinais adaptadas e aclimatadas ao Cerrado. Essas espécies são cultivadas de forma agroecológica e certificadas como orgânicas pelo IBD, no mesmo local onde está instalado o laboratório da empresa. Além disso, a Livealoe também aportou recursos financeiros para a execução do projeto, reafirmando seu compromisso com a pesquisa, a inovação e a valorização da biodiversidade.
Financiada pelo Ministério Federal da Agricultura, Alimentação e Identidade Regional da Alemanha (BMELH) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a iniciativa reúne pesquisadores das áreas de ciências agrárias, química, biotecnologia, farmácia e microbiologia. O objetivo central é superar gargalos históricos, como a falta de material propagativo, a informalidade dos sistemas produtivos e a ausência de protocolos técnicos adequados, por meio de soluções que envolvem desde o cultivo in vitro e a domesticação de espécies nativas até o desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e protocolos de boas práticas de fabricação.
Durante a missão, os pesquisadores participaram de visitas técnicas a laboratórios de excelência em metabolômica, biotecnologia vegetal e microbiologia de solos, além de reuniões institucionais voltadas ao planejamento de futuras ações colaborativas, como o intercâmbio de estudantes e a realização de análises experimentais conjuntas. No dia 3 de julho, a delegação foi oficialmente recebida na Freie Universität Berlin pela Vice-Presidência de Assuntos Internacionais. Na mesma data, participou da recepção promovida pela Berlin University Alliance na Embaixada do Brasil em Berlim.

Outro destaque da programação foi a participação da equipe brasileira no Simpósio Internacional de Bioeconomia e Cosméticos, realizado na Universidade de Wuppertal, onde foram apresentados resultados preliminares do projeto e discutidas oportunidades para inserção dos bioprodutos da sociobiodiversidade em cadeias de valor com responsabilidade ambiental e social.
Entre os principais resultados esperados da missão e do projeto, destacam-se:
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Domesticação e cultivo sustentável de espécies aromáticas do Cerrado com potencial econômico e ecológico;
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Desenvolvimento de extratos e óleos essenciais padronizados para uso cosmético;
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Capacitação técnica das Guerreiras de Canudos e fortalecimento da produção comunitária;
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Transferência de tecnologias inovadoras, como cultivo in vitro e análise microbiológica de solos;
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Inserção qualificada dos bioprodutos no mercado nacional e internacional;
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Consolidação de parcerias estratégicas com universidades e empresas comprometidas com a bioeconomia e a valorização dos saberes tradicionais.
A missão representa um importante passo para consolidar um modelo de inovação baseado na sociobiodiversidade brasileira, reforçando o papel da ciência, da cooperação internacional e do protagonismo comunitário no enfrentamento dos desafios do desenvolvimento sustentável.